Academia Teixeirense de Letras realiza ‘momento da saudade Jomar Ruas’ e recepciona sua irmã Maria Vitória Ruas

02 de dezembro de 2022

Na última sessão solene de 2022 da ATL – Academia Teixeirense de Letras, nesta quinta-feira (1º/12), o presidente Athylla Borborema homenageou o saudoso confrade Jomar Ruas, advogado, escritor e titular da Cadeira nº 12, que faleceu em 16 de julho de 2022, aos 96 anos. Lançou o prêmio Castro Alves de Literatura 2023, lançou a Antologia “ATL em Verso e Prosa!” 2023, homenageou personalidades públicas e literárias e recepcionou a poetisa Maria Vitória Ruas Alves, irmã do saudoso confrade Jormar Ruas, que era titular da Cadeira nº 12 da ATL. Acompanhe o discurso de homenagem no “momento da saudade” na íntegra proferido pelo presidente Athylla Borborema.

Senhores e senhoras, confrades e confreiras – Jomar Ruas, fundador e titular da Cadeira nº 12 da Academia Teixeirense de Letras e que nos deixou aqui no plano terra para se fixar na imortalidade em 16 de julho deste ano, aos 96 anos de idade – foi um advogado e escritor de grande valor para todos nós – um poeta de mão cheia. Embora nossa convivência tenha sido pouca neste colegiado acadêmico, justamente por causa dos problemas de saúde que tivera ao longo dos últimos anos, mas foi festejada a nossa interlocução. Jomar Ruas foi importante para todos nós porque nos deixou um legado literário e, mais importante ainda, ele foi para a sua família e amigos.

Quem foi Jomar Ruas

O advogado e escritor Jomar de Figueiredo Ruas era um poeta de notório saber literário, amante da música, um refinado apreciador de vinhos, escravo da arte, amante da cultura e do direito fez da sua trajetória de vida, uma voz à luz da promoção da justiça. Jomar Ruas, que completaria 97 anos seis dias após o dia do seu falecimento, nasceu no Vale do Jequitinhonha, em 1925, na cidade de Pedra Azul (MG), depois a família se mudou para Carlos Chagas e, algum tempo depois, para Nanuque, ambas cidades localizadas no Vale do Mucuri, sempre ajudando o pai na criação de gado bovino.

Em 1951, Jomar se casa com Ruth Reuter e, por causa da formação escolar dos filhos, o casal se muda para Belo Horizonte. Na capital, eles cuidaram dos oito filhos e ele ainda conseguiu um tempo para graduar-se em direito. Após concluir a formação jurídica, Jomar advogou por 20 anos ininterruptos na capital mineira.

Em 2002, com os filhos devidamente criados e em busca de tranquilidade, o casal troca Belo Horizonte por Alcobaça, no extremo sul da Bahia. Ele era advogado filiado à subseção de Itamaraju da OAB – Ordem dos Advogados do Brasil e era também decano do Liceu de Letras e Artes de Alcobaça.

Jomar Ruas era poeta de inspiração popular tendo publicado o livro “Meus Devaneios” em 2014, o que o levou, em 2016, a ser convidado para ser membro efetivo fundador da Cadeira nº 12 da ATL – Academia Teixeirense de Letras, cuja patronesse é a saudosa Eugênia Viana Rodrigues. Jomar Ruas tomou posse na cadeira em sessão solene de instalação no sábado do dia 4 de junho de 2016, mas por causa dos seus problemas de saúde que viriam logo depois, ele nunca mais compareceria às sessões plenárias da instituição.

Jomar Ruas deixou uma família numerosa, cheia de membros dotados de veia artística e musical, o que proporcionava os encontros animados entre familiares e amigos quando se encontravam em Belo Horizonte, mas, especialmente, em Alcobaça. Ele sempre foi uma pessoa alegre, amava ler, escrever, recitar poesias e cantar. Quase chega aos 100 anos contando lindas histórias. Sua casa sempre estava cheia de violonistas, sanfoneiros, uma paixão que ele deixou para os filhos, que juntos sempre renderam lindas serenatas, especialmente em noite de luar. Esse espírito agregador e festeiro acabou inspirando a criação do “Encontro Ruas”, em que todos se reuniam para celebrar a amizade e a vida. Jomar Ruas partiu para sempre, mas ficou o legado familiar e cultural inesquecível. Ele deixou a viúva Ruth Reuth Ruas, com quem viveu mais de 70 anos, além dos 08 filhos, 27 netos e 13 bisnetos.

Jomar Ruas foi um dos maiores intelectuais da mesorregião, um homem de ação, autor de movimentos célebres que reuniam expoentes e intelectuais de vários lugares do país. Era sempre um ativista no sentido de ajudar, na medida das suas possibilidades. O confrade Jomar Ruas foi um homem culto, democrata e dono de espírito público único que viveu uma trajetória singular. Tinha a ousadia da coragem do pensar, e do fazer. Era um fazedor de compreensões sobre nós mesmos. Ele era capaz de nos explicar, sobre o espelho das liberdades necessárias. Para Jomar Ruas, tudo era motivo para festejar, pois ele sempre entendeu, que a vida é curta demais.

Este momento de “Sessão da saudade” – para homenagearmos o nosso eterno confrade e imortal Jomar Ruas – é também momento de abrirmos a vacância da Cadeira nº 12 da ATL para os candidatos interessados em ocupar o lugar que foi de um homem que revolucionou a cultura e a literária musical de Alcobaça. Um homem que viveu cercado de muito amor, ao lado da família e dos amigos que mais amava. Jomar Ruas foi o símbolo perfeito do intelectual orgânico, combativo e exemplar.

Conosco nesta noite festejando a imortalidade do confrade Jomar Ruas, a sua família e em especial a sua irmã, a também poeta Maria Vitória Ruas Alves. Festejar a imortalidade é uma dádiva memorial de encher os olhos. Esta é a vantagem de ser um poeta, de ser um escritor, porque a nossa morte significa eternizarmos nas pessoas que ficam, seremos lembrados para sempre pelas futuras gerações por meio do nosso legado literário – e o festejado de hoje é o confrade Jomar Ruas.

Nos dirigindo a sua irmã Vitória Ruas, externamos a toda a família de Jomar Ruas, especialmente a sua viúva, a dona Ruth Reuter Ruas, que neste próximo dia 12 completará 90 aninhos de vida – dizer que a Academia Teixeirense de Letras, devota em seus anais uma admiração enorme a vida e a obra daquele homem muito engraçado, divertido, de sólida cultura, apaixonado pelas conquistas humanas do pensamento, que escreveu com maestria, tanto como advogado quanto como poeta, protetor da língua portuguesa e um homem que tinha motivos de sobra para festejar a vida.

À poeta Maria Vitória Ruas Alves, devemos dizer que fazemos muito gosto, torcemos por isso, estamos unidos por isso em tributo à qualidade da sua escrita poética e consciente que tanto a senhora poderá contribuir com a nossa literatura regional – desejamos e queremos do fundo dos nossos corações que a senhora venha em breve fazer parte deste colegiado acadêmico e se possível já agora por sucessão. Aguardamos ansiosos por sua inscrição – pois, o nosso desejo, confreira Maria Vitória Ruas, é que a festejada poeta venha ocupar a partir de março de 2023 a Cadeira nº 12 que foi do seu irmão.

Encerro esta nossa “homenagem da saudade” com uma trova do confrade Almir Zarfeg, publicada nos jornais por ocasião da morte do homenageado: “Jomar Figueiredo Ruas / Poeta dos devaneios / Da pedra azul ou da lua / Advogado dos anseios!”.

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